A circularidade é mais fácil sem odores
A Sirplaste tem em curso um projeto já testado em várias aplicações industriais e que, dentro em breve, chegará aos produtos de higiene pessoal: um reciclado quase isento de odores, obtido a partir de resíduos de PEBD e PEAD, termoplásticos de polietileno.
Os múltiplos desafios ditados pelo futuro do Planeta colocam a sustentabilidade ambiental e a economia circular no topo das prioridades inadiáveis. Num contexto em que Portugal é já pioneiro na reciclagem de plásticos oriundos da recolha indiferenciada, este projeto* da Sirplaste, iniciado em 2021, vai exatamente nesse sentido, num posicionamento de vanguarda e de caminho aberto à inovação, ao propor-se oferecer ao mercado plásticos reciclados com propriedades próximas do grau alimentar.
O propósito do projeto é de exigência maior, uma vez que as propriedades dos reciclados plásticos provenientes de resíduos sólidos urbanos (RSU), e principalmente em termos de odor, sempre estiveram aquém dos requisitos técnicos exigidos por grande parte dos clientes finais à indústria de reciclagem. E por uma razão: até agora, a extração dos odores dos plásticos sempre foi dificultada pelos compostos orgânicos voláteis de alto peso molecular.
A BOA NOTÍCIA
Entretanto, fruto da investigação e inovação tecnológica, esse cenário mudou. A boa notícia é que “nós já conseguimos reduzir em 90% o odor do plástico reciclado”, sublinha Luís Silva, Research & Development Manager da Sirplaste.
“No âmbito deste projeto, investigámos várias linhas de purificação dos materiais, testando processos físicos, químicos e, por último, mecânicos, fase em que a tecnologia utilizada nos permitiu, finalmente, conseguir a extração de voláteis (**) que dão origem ao odor do plástico reciclado”, explica o responsável, visivelmente satisfeito com a nova referência do portfólio da Sirplaste. “Um produto de alta qualidade, verdadeiramente premium, a que justamente demos o nome de SIRPRIME”.
UM RECICLADO PREMIUM
O SIRPRIME está, desde já, a ser aplicado na produção de artigos de uso doméstico, como sejam baldes, vassouras, escorredores de louça, sacos de lixo, caixas e pequenos estrados, mas também tubagens para a agricultura e sacaria industrial.
“Estamos a trabalhar na afinação do projeto, apostados em potenciar ainda mais a capacidade de extração de voláteis, o que nos permitiu muito recentemente iniciar, com as maiores expectativas, uma fase de testes para a indústria cosmética”, adianta o R&D manager da Sirplaste.
Luís Silva faz notar que no início da parceria com a Sociedade Ponto Verde a empresa tinha apenas em carteira dois projetos de I&D. “Hoje, são 16 os projetos em curso, patamar que nos abre novas oportunidades e outros horizontes de crescimento em Portugal e em vários países, dentro e para lá do espaço europeu”.
A Sirplaste, empresa com 50 anos de experiência na reciclagem de matérias plásticas, pós-consumo e pós-industrial, limpas ou contaminadas, é bem conhecida e reconhecida na indústria pela sua cultura de inovação, cujo universo de clientes se estende, desde há muito, da Europa ao Médio Oriente, Ásia, América do Sul e Oceânia, geografias, também elas, naturalmente convocadas a responder aos desafios da sustentabilidade ambiental e da circularidade.
* Mitigação de Odores provenientes de Voláteis em Reciclagem de Resíduos Sólidos Urbanos provenientes da Recolha Seletiva e TM/TMB e Valorização das Propriedades do Reciclado com Aproximação ao Grau Alimentar
** Os processos de reciclagem utilizados até agora só conseguiam extrair compostos orgânicos voláteis de baixo peso molecular
Um projeto apoiado e cofinanciado pela Sociedade Ponto Verde no âmbito do seu Programa de I&D