Embalagens circulares… por natureza
Podem ser de plástico, papel, cartão, vidro, metal ou de madeira. São garrafas, caixas, boiões, sacos, invólucros, saquetas… A necessidade de apoiar a conceção e desenvolvimento de embalagens mais sustentáveis e circulares, através do ecodesign, fez nascer uma ferramenta online. Chama-se Pack4Sustain e já se encontra disponível, para clientes e parceiros da Sociedade Ponto Verde.
A Sociedade Ponto Verde (SPV), a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (FCT-UNL) e o Centro Tecnológico da Indústria de Moldes, Ferramentas Especiais e Plásticos (CENTIMFE) continuam a antecipar o futuro. Desta vez, com a criação do Pack4Sustain.
Num contexto de grande exigência que se coloca aos resíduos de embalagens gerados em Portugal, face às metas definidas no âmbito da reciclagem, o projeto tem uma ideia fixa: permitir, online, avaliar a performance ambiental das embalagens de diferentes matérias-primas considerando o seu nível de circularidade e potencial impacte ambiental no ecossistema marinho.
“O que nos move é ajudar os embaladores a olharem para as características da embalagem que pretendem colocar no mercado à luz de uma economia verdadeiramente circular. E em relação às embalagens já disponíveis, esta nova ferramenta permite identificar as falhas, ou as causas, que levam o embalador a perguntar: porque é que a minha embalagem não consegue ir para o ecoponto certo? Porque é que a minha embalagem não chega a ser separada na estação de triagem? E porque é que a minha embalagem, quando chega ao reciclador, não é reciclada na sua totalidade?”, assinala Ana Pires, investigadora responsável do Pack4Sustain.
Para responder a estas perguntas tão pertinentes, aí está a nova ferramenta. Uma solução digital facilitadora da circularidade.
Como funciona o Pack4Sustain?
O utilizador da ferramenta, cliente da SPV, regista a sua embalagem no Pack4Sustain, podendo carregar, se preferir, uma imagem ilustrativa.
Seguidamente, acompanhado da ficha técnica, responde a questionários sobre características da embalagem e dos seus componentes.
O Pack4Sustain avalia a embalagem de acordo com o critério de circularidade e, através dos critérios de Índice de Risco Marinho e Safe and Sustainable by Design*, informa o potencial impacto na saúde pública e no ambiente, em especial no ecossistema marinho.
Com base na avaliação destes critérios:
- É gerada uma classificação numa escala de cinco níveis;
- São feitas sugestões de melhoria no ecodesign da embalagem;
- É recomendada uma iconografia SPV para colocar na embalagem.
Numa fase posterior de evolução da ferramenta, pretende-se vir a estabelecer um procedimento de certificação de embalagens considerando o resultado Pack4Sustain.
O Pack4Sustain é, como se vê, uma ferramenta que permite aos embaladores, de forma muito simples e rápida, perceber quais os pontos a melhorar para facilitar a circularidade da sua embalagem.
Do ponto de vista do consumidor final, a futura certificação é mais um fator relevante para uma decisão de compra consciente e acertada.
“Provavelmente até o levará a mudar de marca de produto, ao deparar-se com outra marca cuja embalagem, certificada pela SPV, através do Pack4Sustain, faz toda a diferença. Desde logo por ser altamente reciclável: quando a colocamos no ecoponto, sabemos que ela não se extingue ali, vai dar origem a outra embalagem”, sublinha a investigadora principal do projeto.
Quando o Pack4Sustain estiver disponível, o que deverá acontecer já no final do ano, a ideia é experimentar. E experimentar muito, numa lógica de soft opening. Com os comentários e os contributos dos embaladores que resultarem dessa experimentação, será mais fácil ir afinando e ajustando a nova ferramenta que combina as competências, a experiência e o conhecimento de três parceiros de referência.
Em nome da sustentabilidade tem de haver circularidade.
E isso quer dizer Pack4Sustain.
*Critério que analisa as embalagens quanto às suas características de sustentabilidade e, concretamente, em relação à pegada do carbono, pegada da água, emissões, tintas e agentes de branqueamento, presença de substâncias perigosas e de substâncias em vias de serem banidas
Este é um projeto apoiado e cofinanciado pela Sociedade Ponto Verde no âmbito do seu Programa de I&D